Ninguém sabe o quanto dói. É muito fácil pra quem está por fora, só olhar e dizer que tudo ainda vai ficar bem. É claro que é fácil. Ninguém convive, ninguém realmente sabe o que se passa dentro desse inferno de poucos metros quadrados. Assim é claro que fica fácil julgar tudo através das aparências.
Ninguém sabe o quanto dói. E dói muito. No começo é só por um motivo, aí no fim, você encontra mais cem outros. Começa por coisas bobas como você querer algo material que não tem, aí você se lembra que há coisas que não são materiais, mas que você também quer, como uma amizade antiga. Coisas que você não tem mais e que tinham muito valor, um cumprimento, uma risada compartilhada, as besteiras ditas em momentos inapropriados. Um abraço, um sorriso, alguém. Alguém que você não tem. Não mais.
Mas não, não acabou. Ainda há as brigas diárias, a falta de vontade de acordar e o alívio na hora de dormir. Talvez esse seja o motivo que me faz dormir além do normal. Ninguém entende a vontade de fechar os olhos e esquecer o resto do mundo.
Faz bem. Faz mal. Mas pelo menos te faz sentir algo, o que é melhor do que se sentir vazia, sem nada.
Dormir é a melhor forma de anestesiar tudo, já que eu já não sei mais lidar com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. Será que ninguém entende que é muito pra uma só pessoa?
Ninguém sabe o quanto dói. Não é preciso que palavras sejam ditas, realmente não é preciso... São as ações, os olhares indiferentes, a ignorância. Vocês pensam que é fácil encarar todos os dias pessoas com quem você nunca falou na vida te olhando como se te odiassem? (E é bem provável que realmente odeiem). Bom, não é fácil, queridinhos. Perturba.
Ninguém sabe o quanto dói sair e não querer voltar pra casa. Você sabe que não há um motivo pra voltar, não sabe? Voltar pra ver as mesmas coisas de sempre acontecerem, as mesmas palavras mesquinhas sendo jogadas na cara. Não, não, não é fácil.
Ninguém sabe o quanto dói quando se percebe que todos os seus amigos, um por um, foram seguindo caminhos diferentes, esquecendo de você, esquecendo tudo o que vocês passaram, esquecendo a maldita amizade. Ninguém sabe o quanto dói chorar por isso noites e mais noites seguidas, no silêncio, sem ninguém saber.
Talvez seja o meu péssimo defeito de não saber aceitar o fim das coisas. É o que eu sempre digo: eu não sei aceitar, me desculpem. É tão errado?
Ninguém sabe o quanto dói ver o seu lugar sendo ocupado, agora, por outra pessoa. Ninguém sabe o quanto dói você ter que passar e desviar o olhar pra não correr o risco de olhar nos olhos de uma pessoa que um dia já foi sua base. E dói mais ainda você perceber que essa pessoa não se importa nem um pouco com isso. É a vida, você pode estar lá praticamente morrendo que ainda assim vão fingir que nada está acontecendo.
Por que é tão difícil aceitar uns aos outros?
Saibam que eu não faria com vocês, o que vocês fizeram comigo. Jamais.
E sempre vai ser o meu problema ficar insistindo em uma coisa que já não tem mais jeito. Acabou, mas eu ainda continuo aqui tentando arrumar, fazer voltar a ser o que era, ou desejando pelo menos. Secretamente, mas ainda continuo.
Eu queria saber se alguém se importa. Porque é claro que se realmente se importam, nem que seja o mínimo, fazem questão de não demonstrar. É só eu que ainda junto os pedacinhos dessa parte do coração que vocês fizeram questão de destruir?
São muitas coisas que ninguém sabe o quanto doem. Dói muito.
Aquele que, um dia, já foi seu herói se tornar dia após dia o vilão da história. Um vilão que faz questão de magoar todos ao seu redor.
Ninguém sabe o quanto dói colocar a cabeça no travesseiro e ela estar pesada. Ninguém sabe o quanto ela dói depois que você passa horas e mais horas distribuindo lágrimas secretamente por aí. Vocês podem imaginar essa dor?
Ninguém sabe o quanto dói. Mas a noite é anestésica, é só fechar os olhos e esperar uns minutos pra se transportar pra um lugar muito melhor onde tudo o que você deseja acontece. Pro mundo dos sonhos, que muitas vezes é melhor do que a sua realidade trágica que só cabe a você enfrentar.