sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Caderno velho.

Ei, sabe onde eu estou agora? Eu estou dentro desse caderno velho lendo minhas próprias palavras. É uma boa sensação. Estou lendo o que me fez e o que me faz. Mas acho que estou um pouco perdida. Já senti o cheiro do seu perfume antigo algumas vezes, só não sei se senti-o dos meus versos mal elaborados ou se foi a saudade quem o trouxe.
Há alguns minutos me afoguei na nossa série. Fui te ver, em outra pessoa, mas fui. Já te disse o quanto você é sexy?
Além disso, em um mundo paralelo está passando o filme que eu tanto gosto e que me lembra você na tv. Decidi por não vê-lo. Você me fez criar uma espécie de nojo a esses filmes românticos e bobos. Estou numa época de coisas complexas. Gosto de me perder, de me afundar, e me jogar de cabeça. Assim você me salva depois.
Talvez não faça sentido para os outros, mas faz para mim. Mas quem liga? É só um filme idiota.
O que realmente interessa é que eu te ouço me chamar por meio do seu cheiro. É como se ele me dissesse “vem”. Será que eu te encontro se virar algumas páginas?
Ou talvez, na verdade, isso seja uma reação inconsciente do meu cérebro à sua falta.
Ei, estou em dúvida sobre mim mesma. Fora desse caderno, em frente ao espelho eu vejo uma balança e em cada lado dela há uma versão de mim. De um lado, a pessoa projetada para você. A minha forma infantil. Do outro, eu vejo meu rosto por trás de uma cortina de fumaça, é meio confuso. Não consigo enxergar muito bem. Talvez seja quem eu queria ser. Ou vou ser. Isso tem me atormentado há uns dias. É complicado.
Acho que eu estou ficando louca. Vou voltar pro caderno.
Sinto seu cheiro. Te puxo pra mim.

4:00 am.


De repente bateu vontade de te levar pra longe, de sumir, fazer loucuras. Bateu vontade de te seqüestrar apenas pra mim. Você se lembra de quando eu te pedia pra me seqüestrar? Saudade desses tempos.
Saudades do seu cheiro, do seu corpo, do seu beijo. Saudade da sua voz e do seu jeito de criança.
Não fui feita pra ficar longe de você. Seria muito doentio da minha parte te dizer que, nesses momentos, perco a vontade de viver?
Você movimenta meu mundo, você me movimenta. Tenho medo de cair quando estou sozinha.
Foge comigo. Deixa eu te levar pra longe. Me leva pra longe.
Deixa eu te trazer pra mim.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Alma gêmea.


E enquanto eu estiver sozinha, eu vou inventar fome, sede, frio.
Enquanto eu estiver sozinha eu vou fugir do sono, vou fugir da tv, e dos cobertores. Também vou fugir do chocolate e da nossa caixa do amor.
Enquanto eu estiver sozinha, eu vou ficar do lado do telefone esperando ele tocar. Um toque, pelo menos um. Só pra eu saber.
Enquanto eu estiver sozinha eu vou inventar qualquer tipo estúpido de desculpa pra não ter que aceitar que eu estou longe de você.

Quando você estiver comigo, nós vamos dar as mãos, nós vamos ao jardim e nós vamos sentir o cheiro da flor mais linda que ali tiver.
Quando você estiver comigo, nós vamos sair correndo naquela manhã gelada com cara de inverno. Nós vamos nos afundar nos cobertores, devorar os chocolates e depois dormir abraçadas.
E, ainda assim não será o bastante, então quando você estiver comigo, nós vamos pegar o carro e dirigir pra um lugar bem lindo, bem calmo, bem nosso. Nós vamos passar a noite lá, nós vamos sentir frio, e vamos ter que fazer algo quanto a isso. Você vai chegar perto e dizer que me ama. “Tão perto que eu posso sentir a sua respiração”  
Quando você estiver comigo, nós vamos o nascer e o pôr do sol.
Quando você estiver comigo, eu vou inventar qualquer tipo de desculpa estúpida, boba, mas real pra não ficar longe de você.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Daughter's POV.

"Sabe do que eu sinto falta? Dos velhos tempos. Sinto falta de chegar naquela farmácia e ver aquele sorriso no seu rosto, de você me chamar de querida... Sinto falta da pessoa que você era. De quando sentávamos na cozinha pra almoçar e você contava como tinha sido o trabalho. Sinto falta de quando nós saíamos, nos divertíamos e raramente havia reclamações. Era simples, como respirar. Eu não gosto do que você está fazendo, da forma como se entrega aos problemas. As coisas não são assim, não têm que ser. Por que você está agindo assim? Por que você não reage, não quer melhorar? Eu não quero te tratar do jeito como venho te tratando, mas não sei, é impulsivo, sem eu pensar, sai. Eu queria que tudo voltasse a ser como era antes. Quando nós éramos felizes."