Ei, sabe onde eu estou agora? Eu estou dentro desse caderno velho lendo minhas próprias palavras. É uma boa sensação. Estou lendo o que me fez e o que me faz. Mas acho que estou um pouco perdida. Já senti o cheiro do seu perfume antigo algumas vezes, só não sei se senti-o dos meus versos mal elaborados ou se foi a saudade quem o trouxe.
Há alguns minutos me afoguei na nossa série. Fui te ver, em outra pessoa, mas fui. Já te disse o quanto você é sexy?
Além disso, em um mundo paralelo está passando o filme que eu tanto gosto e que me lembra você na tv. Decidi por não vê-lo. Você me fez criar uma espécie de nojo a esses filmes românticos e bobos. Estou numa época de coisas complexas. Gosto de me perder, de me afundar, e me jogar de cabeça. Assim você me salva depois.
Talvez não faça sentido para os outros, mas faz para mim. Mas quem liga? É só um filme idiota.
O que realmente interessa é que eu te ouço me chamar por meio do seu cheiro. É como se ele me dissesse “vem”. Será que eu te encontro se virar algumas páginas?
Ou talvez, na verdade, isso seja uma reação inconsciente do meu cérebro à sua falta.
Ei, estou em dúvida sobre mim mesma. Fora desse caderno, em frente ao espelho eu vejo uma balança e em cada lado dela há uma versão de mim. De um lado, a pessoa projetada para você. A minha forma infantil. Do outro, eu vejo meu rosto por trás de uma cortina de fumaça, é meio confuso. Não consigo enxergar muito bem. Talvez seja quem eu queria ser. Ou vou ser. Isso tem me atormentado há uns dias. É complicado.
Acho que eu estou ficando louca. Vou voltar pro caderno.
Sinto seu cheiro. Te puxo pra mim.